Caso Americanas e o Bradesco

Companhia protocola petição na Justiça contra o banco

A Americanas, em Recuperação Judicial, divulgou nota de esclarecimentos sobre as argumentações do Miguel Gutierrez apresentadas no processo judicial movido pelo Bradesco contra a companhia.

Leia na íntegra a nota da Americanas à Comissão de Valores Mobiliários – CVM

“Em manifestação protocolada neste 10 de setembro de 2023, a  Americanas volta a refutar veementemente as argumentações do senhor Miguel Gutierrez apresentadas em processo judicial movido pelo Bradesco contra a Americanas.

A companhia reitera que o ex-dirigente não apresentou contraprovas, em nenhum momento, para os documentos e fatos apresentados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no dia 13 de junho de 2023, que demonstram a sua participação na  fraude, evidenciada novamente em mais dados apresentados nesta manifestação aos autos do referido processo.

O mesmo se deu com os demais órgãos competentes que atuam nas investigações do ocorrido e que já acataram e homologaram delações premiadas de ex-executivos da companhia.

A Americanas reforça ainda que foi a única parte a apresentar provas no âmbito
do processo judicial e reitera a afirmação sobre a fraude e a responsabilidade direta do
ex-CEO a partir da exposição de novas evidências apresentadas nesta manifestação,
tais como:

1) arquivo digitalizado com anotações de próprio punho de Miguel Gutierrez,
localizadas em equipamento eletrônico da companhia por ele utilizado, em materiais
que apontam a existência de duas versões dos demonstrativos da Americanas, uma de
uso interno da antiga diretoria e outra destinada ao Conselho de Administração;

2) e-mail enviado por Miguel Gutierrez aos ex-diretores, com orientações para
que não fossem levadas, em reunião com Sérgio Rial, respostas a dúvidas sensíveis
em relação ao 4T22 e endividamento da companhia;

3) e-mail enviado pelo ex-CEO aos ex-Diretores envolvidos na fraude, pelo qual
Miguel Gutierrez reclama do “mar de comentários”, referindo-se a diligentes
questionamentos dos membros do Comitê de Auditoria, em linha com as boas práticas
de governança recomendadas.

Adicionalmente, foram identificadas várias contradições e mentiras nas
alegações contidas na carta apresentada por Miguel Gutierrez, tais como:

1) O senhor Miguel Gutierrez alega que a companhia passava por situação
financeira difícil no segundo semestre, que precisaria de aporte de capital e que todos
os órgãos da administração tinham ciência desse fato. Documentos apresentados ao
Comitê Financeiro em 07/11/22, arquivados no portal de governança da companhia e já
disponibilizados à CPI e demais autoridades, mostram de forma inequívoca que a antiga
diretoria, liderada por Miguel Gutierrez, apresentou aos conselheiros visão de que a
Americanas geraria R$ 500 milhões de caixa no 4º trimestre de 2022 e continuaria
gerando caixa nos anos subsequentes, mantendo índice de endividamento financeiro
saudável.

2) Outra argumentação sem fundamento apresentada é a de que os órgãos
sociais deliberavam sobre questões estratégicas da Americanas sem conhecimento e
participação do ex-CEO Miguel Gutierrez. Esta falsa afirmativa cai por terra diante de
mensagem sobre ações do Comitê Financeiro, assim como de agendas de reuniões do Conselho, que mostram que o senhor Miguel Gutierrez era ativo na gestão da
companhia, como é de se esperar de qualquer Presidente de empresa.

A Americanas reitera que, tanto as afirmações supracitadas quanto as
evidências que as certificam constam da petição protocolada em resposta ao agravo em
processo judicial de autoria do Bradesco e lamenta a posição da instituição financeira,
não compartilhada pelos demais bancos credores da companhia, que seguem
empenhados num consenso ao Plano de Recuperação Judicial.

A Americanas reafirma que o relatório preliminar apresentado na Comissão
Parlamentar de Inquérito se baseia em documentos levantados pelo Comitê de
Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela
Administração e seus assessores jurídicos, que formataram os documentos em um
relatório que indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo
fraudadas pela diretoria anterior da Americanas, capitaneada pelo senhor Miguel
Gutierrez.

A companhia confia na competência de todas as autoridades envolvidas nas
apurações e investigações, à frente das conduções de delações homologadas já em
segredo de justiça, que devem trazer ainda mais robustez às já contundentes provas
apresentadas. A Americanas reforça que é a maior interessada no esclarecimento dos
fatos e que irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos na fraude”, fecha nota.

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