A equipe da Guide Investimentos apresentou um resumo dos principais balanços financeiros de empresas domésticas. Os números foram divulgados depois do fechamento dos mercados nesta quarta-feira (02) e hoje pela manhã.
Selecionamos CSN (CSNA3), Tenda (TEND3) e Auren Energia (AURE3).
CSN (CSNA3)
A CSN divulgou os resultados do 2T23 ontem após o fechamento do mercado. Os números foram fracos, mas em linha com o esperado. O destaque positivo foi o crescimento elevado das vendas de minério. Na siderurgia, as vendas e rentabilidade voltaram a desapontar.
As vendas de aço totalizaram 1.051 mil toneladas (-1% A/A) e as vendas de minério aumentaram 49% para 11.258 mil toneladas. O aumento nas vendas de minério ocorreu a despeito da atividade mais fraca na China, que tem reduzido os preços do produto. Em parte, a melhora nas vendas da CSN é explicada pelo aumento da produção e também pela normalização da sua operação ferroviária, que possibilitou o embarque dos produtos.
Apesar das vendas elevadas, a receita cresceu apenas 4% A/A para R$ 10.989 milhões em função dos preços mais baixos. Os preços mais baixos também afetaram negativamente a rentabilidade da CSN: o Ebitda de R$ 2.263 milhões (-31% A/A) ficou em linha com o esperado, mas a margem de 20% foi uma das menores dos últimos anos. O lucro foi de apenas R$ 283 milhões.
“Neutro. Os números foram fracos, mas em linha com o esperado. A performance fraca das ações da CSN e CSN Mineração já refletem o ambiente mais desafiador em nossa visão. Acreditamos que as ações da CSN devem continuar a ter desempenho fraco até que os perspectivas de recuperação na China melhorem: o baixo crescimento da China tem mantido os preços do minério baixos, assim como os volumes de vendas, pressionando o resultado das mineradoras.”
Tenda (TEND3)
Forte performance operacional impulsiona crescimento de top-line. Com a forte alta no volume de lançamentos e de vendas observados no trimestre, a receita líquida da companhia atingiu R$710mi, com uma margem bruta de 22.4%, que apresentou forte evolução de +6.1p.p. A/A em razão do aumento no preço de novas vendas e um melhor controle de custos, enquanto apresentou leve contração de -0.3p.p. T/T. Enquanto isso, a margem REF atingiu 34.9% (+2.9p.p.), o que deve se traduzir em ganhos de margem para a companhia ao longo dos próximos trimestres.
Receita acima do esperado corrobora para EBITDA acima do esperado, apesar de maior G&A. Refletindo o maior volume de vendas, as despesas comerciais totalizaram R$57mi, um crescimento de 20% na comparação trimestral, mas demonstrando estabilidade em relação às vendas, enquanto o G&A da companhia cresceu 22% na comparação trimestral, e +0.7p.p. em relação a receita líquida. Em razão disso, a companhia reportou uma mg.
EBITDA de 6.8% (-0.9p.p. T/T, +11.9p.p. A/A e +1.5p.p. vs Consenso), refletindo a perda de alavancagem operacional, e um EBITDA de R$48mi (-4% T/T e +37% vs Consenso).
Resultado financeiro melhor que o esperado reduz prejuízo. A companhia reportou um resultado financeiro líquido negativo de -R$16mi (vs -R$54mi no 1T23 e -R$32mi no 2T22), com a marcação a mercado do swap de ações impactando positivamente o resultado em R$36mi. Diante disso, a Tenda registrou um prejuízo líquido de apenas R$11mi, acima das estimativas do mercado de -R$33mi. Retomada da geração de caixa contribuiu para redução do endividamento.
“Positivo. Esperamos uma reação positiva das ações de Tenda, em razão de um resultado melhor do que o previsto pelo mercado. Ademais, a retomada geração de caixa operacional deve contribuir no processo de turnaround da companhia, enquanto vemos a sinalização do crescimento dos lançamentos de Alea como positivo.”
Auren Energia (AURE3)
Na noite de ontem, após o fechamento do mercado, a Auren Energia divulgou seu resultado do 2T23. Dentre os destaques, a companhia entregou uma receita de R$1.437 milhões, um crescimento anual de 6,7%, refletindo o maior volume de energia negociado no período (3.496 MW médios no 2T23 vs. 2.810 MW médios no 2T22).
Em relação aos segmentos, geração eólica e comercialização apresentaram as principais evoluções, com crescimentos de 57,5% para R$213 milhões e de 8,5% para R$1.038 milhões, dada a entrada em operação dos complexos eólicos Ventos do Piauí II e III, além de reajuste dos contratos por inflação, e maior volume de trading de energia com melhora na margem das operações, respectivamente.
Com isso, o EBITDA Ajustado, excluindo os efeitos de provisão de litígios e baixa de depósitos judiais, dividendos recebidos e marcação a mercado de contratos, finalizou o período em R$436 milhões, uma ligeira queda de 0,5% no ano, principalmente atribuído ao desempenho fraco do segmento de geração hidrelétrica.
Ademais, a companhia apresentou uma despesa financeira líquida de R$24,5 milhões, -87% em relação a despesa líquida de R$187,5 milhões do 2T22.
O fato pode ser explicado principalmente pelo efeito positivo da atualização monetária mensal do saldo a receber da indenização da UHE Três Irmãos e pela reversão do ajuste da indenização a valor presente reconhecido sobre o saldo a receber da indenização em virtude da securitização. Assim sendo, a companhia entregou um lucro líquido de R$182,9 milhões, revertendo um prejuízo líquido de 2,0% no 2T22.
“Marginalmente negativo. Na nossa visão, o avanço dos custos e despesas em patamar acimada da receita pode ser lido negativamente pelo mercado. No entanto, a redução da alavancagem de 1,6x dívida líquida sobre EBITDA no 1T23 para 0,3x no 2T23, dada a securitização dos recebíveis da usina Três Irmãos, pode representar uma oportunidade para pagamento de grandes dividendos, além de investimentos em projetos em andamento e também poder de fogo para entrada em novas oportunidades.”
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