O IPCA de dezembro teve leitura de 0,62%, consideravelmente acima de nossa projeção, da mediana do mercado e do teto das expectativas (0,46%, 0,45% e 0,51%, respectivamente). Saúde e Cuidados Pessoais tiveram alta de 1,60%, a maior contribuição para a inflação de dezembro. Os dados são do IBGE.
O índice de inflação termina o ano com composição ruim e headline elevado, dificultando o cenário para a autoridade monetária. No entanto, sustentamos que a dinâmica inflacionária realizada perde relevância para a condução da política monetária ante as alterações antecipadas na condução da política fiscal. Simultaneamente, a taxa de juros real já elevada dá ao Banco Central graus de liberdade para aguardar os próximos desenvolvimentos da política fiscal.
Comentário:
O IPCA de dezembro teve leitura de 0,62%, consideravelmente acima de nossa projeção, da mediana do mercado e do teto das expectativas (0,46%, 0,45% e 0,51%, respectivamente). A variação acumulada em 12 meses atingiu a marca de 5,79%, acima das projeções mais recentes, mas abaixo do patamar de 6,0% antes esperado.
Todos os grupos voltaram a apresentar variação positiva após a Black Friday de novembro. Alimentação e Transportes, por fortuito, registraram altas de apenas 0,66% e 0,21%, respectivamente. No caso do primeiro grupo a alta é proveniente de avanços em Alimentação no Domicílio (0,71%) e Fora do Domicílio (0,51%) com um maior share de serviços. Já o arrefecimento de Transportes é associado aos cortes da Petrobras com deflação de gasolina e óleo diesel.
Saúde e Cuidados Pessoais tiveram alta de 1,60%, a maior contribuição para a inflação de dezembro. Este desempenho ocorreu, principalmente, em função do avanço de 9,02% em perfumes, com impacto de 9bps no índice cheio, além da alta de 3,7% em higiene pessoal. Por último, Comunicação solidifica-se em um patamar positivo com avanço de 0,50% ante deflação de 0,14% em novembro.
Pelas aberturas, Administrados desaceleram com alta de 0,27% vs. 1,00% anterior, o que pode ser meritoriamente associado à Transportes e políticas de cortes de preços. Livres, da qual já se esperava avanço ante leitura anterior, teve divulgação elevada de 0,74%, acima do esperado tanto em razão de Industriais (1,19%) como de Serviços (0,44%). Por fim, as leituras subjacentes também apontam para uma piora da dinâmica inflacionária com altas de 1,76% de Industriais, maior valor desde dezembro de 2021, e de 0,46% de Serviços.
*Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal
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